quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Harpa

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Uma harpista tocando seu instrumento
Segundo uma lenda, a harpa foi inventada pelo povo egipcio para tocar as melodias que agradavam seus deuses. Mas segundo a Bíblia, seu fundador foi Jubal. Genesis 4:21.*
A harpa, juntamente com a flauta, é um dos instrumentos mais antigos. Teria se originado dos arcos de caça que faziam barulho ao roçarem na corda. Ela é sempre triangular, lembrando um arco de caça. Tem-se conhecimento através de fábulas épicas, poesias e trabalhos de arte, que as harpas existiam séculos antes de Cristo, na Babilônia e Mesopotâmia. Foram encontrados desenhos de harpas na tumba do Faraó Egípcio Ramsés III (1198-1166 a.C.), em esculturas da Grécia antiga, em cavernas do Iraque que datam desde 2900 a.C. e textos religiosos judaico-cristãos afirmam que a harpa e a flauta existiam antes mesmo do Dilúvio.[1] A harpa é constituída pelo corpo, pedais e cordas
Durante o crescimento do islamismo, durante o século VIII, a harpa viajou do norte da África até a Espanha e rapidamente se espalhou pela Europa. Em torno de 1720 foi inventada a harpa com pedais, um desenvolvimento muito importante para o instrumento. Acredita-se que tenha sido inventada por Celestin Hochbrücker, tendo sido aperfeiçoada mais tarde pelo francês Érard em 1810. Actualmente a harpa sinfônica tem 46 ou 47 cordas paralelas e sete pedais, sendo quatro do pé direito e três do pé esquerdo e tem a extensão de seis oitavas.
Entre os maiores harpistas, pode-se citar Nicolas Bochsa (Montmedy France 1789 - Sydney Australia 1856) e Harpo Marx (November 23, 1893 – September 28, 1964), Gabriel Cavalcante (November 25, 1903 - December 24, 1983), Loreena McKennitt e Órla Fallon (do Celtic Woman).
A harpa rudimentar já era conhecida pelos caldeus, egípcios, gregos e romanos e até hoje, representa um importante papel na cultura de alguns povos africanos da região do Saara, especialmente os Bwiti.

 

Harpa Paraguaia um instrumento transculturado

por Elizeu Rodriguez


A harpa é um dos instrumentos musicais mais antigos da história da humanidade. Consta na sagrada escritura, que o rei Davi já tocava este instrumento. Segundo pesquisas, existiam dois tipos principais: A harpa angular, originária do Egito, e a harpa arqueada ou combada, da África. Lembra ainda as literaturas de remotas épocas que algumas tinham 22 cordas e, durante o ano 600, foram feitas muitas tentativas para o aperfeiçoamento do seu mecanismo. Depois de um longo processo, tanto no lugar de origem como na Europa, especialmente na Irlanda, Alemanha e Itália, foi aperfeiçoando-se, na caixa de ressonância, nos acordoamentos e nos mecanismos de execução. 

A harpa chegou à América com os espanhóis que se instalaram em distintas regiões do continente, uma das quais a República do Paraguai, que nessa época era povoada pelos índios Carios. As crônicas da época lembram que entre os que acompanhavam a comitiva dos “conquistadores” conduzida por Sebastián Gavoto pelo rio da prata, no ano de 1526, estava um talhador de harpa de nome Martin Niño. Mas, segundo o padre Estrobel, foi o padre Sepp, no ano de 1691, quem introduziu este instrumento na localidade denominada de Yapeyú. Esta cidade era uma das reduções jesuítica no Paraguai. Hoje esta localidade pertença à Argentina.

Em pouco tempo de convivência dos espanhóis e os índios Carios, produziu-se o cruzamento de dois grupos étnicos de culturas diferentes. Dessa fusão surgiu uma estirpe nova, que é a paraguaia. Por incrível que pareça nesse momento o idioma guarani também sofreu um fenômeno parecido, ou seja, houve um choque de mudança cultural.

Reconhecidamente, o Paraguai é um país bilíngüe. Lá se fala obrigatoriamente o guarani e o espanhol. No entanto, o idioma dos índios Carios, com o passar do tempo, foi minado pelo hispanismo e deixou de ser castiço; fruto dessa interferência e que atualmente no Paraguai se escreve algumas poesias no guarani puro, mas o povo fala em guarani hispanizado, porém, sem perder a sua essência telúrica americana. 
 odemos afirmar que a HARPA PARAGUAIA originou-se pela fusão destas duas civilizações, onde este instrumento foi adotado pelos nativos, que a aperfeiçoou à sua maneira, construindo-a de madeira americana, logrando uma notável estilização e criando seu próprio repertório.

A estilização deste novo instrumento significa um aporte muito grande para a arte musical. Pode-se dizer que é um valor representativo pelo fato de que no crisol de América, a união de duas culturas deu nascimento ao mestiço, que deixou de ser índio e espanhol, para ser paraguaio. Nesta eclosão americana, o bíblico instrumento foi remodelado para converter-se em HARPA PARAGUAIA, graças ao engenho das pessoas e aos elementos nativos.

São muitos os artifícios deste instrumento. Para termos uma idéia, em 1710, o luthier Hochbrücker de Donawöt, inventou um mecanismo a pedal que permitia trocar os acordes sem ocupar as mãos. Logo, outro luthier de Paris, chamado Cossineau, construiu outro mecanismo e com a ideia deste inventor, no ano de 1808, Sebastián Erard, conseguiu aperfeiçoar a sua estilização universalizando-a como harpa clássica.

É bom lembrarmos que este instrumento que tinha chegado à América com os europeus com a sua forma de construção muito simples, impressionou vivamente os mestiços. Este, com a sua disposição inata para a arte musical, reconhecida especialmente pelos missioneiros jesuítas e franciscanos, a construiu com madeira da nossa região. Portanto, a evolução da harpa clássica não afetou em grande parte a harpa paraguaia, pois este tomou outro rumo, levando-o a um progressivo avanço, e melhorando cada vez mais a sua estilização.

Apesar da sua afinação diatônica, os seus cultores fazem maravilhas ao executar transferindo esse aprendizado de geração em geração, criando uma técnica própria, executando a melodia com a mão direita, e o acompanhamento com a mão esquerda, usando sempre as unhas no lugar das gemas dos dedos.

A harpa que chegou da Europa recebeu praticamente a carta de cidadania na América. Dessa forma pode-se apreciar sua presença no México, Venezuela, Peru, Chile, Brasil, Argentina, entre outras. No Paraguai surgiram brilhantes cultores da harpa, impossível de citá-los a todos, mas podemos lembrar-nos de alguns que mais se destacaram: as famílias Billasboa (pai e filhos), José Del Rosário Diarte, Conché Ramirez, Tani Bordon, Luiz Bordon, entre outros.

Na atualidade os cultores da harpa paraguaia têm proliferado de maneira exaustiva. Esses artistas têm percorrido o mundo numa lírica peregrinação, levando consigo a boa música paraguaia. Quero citar o célebre Feliz Perez Cardoso, verdadeiro pioneiro deste instrumento, artista extraordinário que semeou toda uma escola de como executar a harpa paraguaia e, ademais, agregou mais quatros cordas, que são as bordonas, elevando-a de 32 cordas tradicionais para 36. Criou várias composições que passaram a fazer parte permanente do repertório de todos os harpistas paraguaios, como a polca LLegada, Tren Lechero, Angela Rosa, El Sueño de Angelita, Mi Despedida, Maria Elza, entre outras. 
A harpa paraguaia tem compenetrado no espírito do artista paraguaio e hoje em dia faz parte do seu cotidiano. Devo citar que foi o compositor FELIZ PEREZ CARDOSO que imortalizou na harpa paraguaia a música Pássaro Campana (guyra pu, ou guyra campana, em guarani), uma das páginas musicais mais folclóricas e representativas do Paraguai justamente a que dá mais brilhantismo ao harpista ao interpretá-la.


 

História e origem dos instrumentos

História da trompa

Surgiu na França, por volta de 1650. Como um desenvolvimento da trompa de caça, que, se originou dos primitivos instrumentos feitos com chifres de animais. Já no final do século XVII foi integrada à orquestra.É formada por um longo tubo cilíndrico de 2 metros, recurvado sobre si mesmo numa espiral de duas voltas. Na extremidade mais estreita, localiza-se o bocal, em forma de funil, e, na outra, o pavilhão. O som é controlado por 3 válvulas, incorporadas ao instrumento no início do século XIX por dois alemães e um austríaco. Esse mecanismo permitiu a execução de todos os sons cromáticos da escala.A trompa emite um som aveludado e suave. Considerada indispensável na orquestra a partir de 1830, foi utilizada também como solista por inúmeros compositores. Um dos efeitos utilizados na trompa é a “surdina”, que se consegue quando o intérprete coloca a mão ou uma peça de madeira no pavilhão, obtendo um apagamento do som.

História do trombone


Trombone derivado de trompa (que significa trompete, em italiano) através da adição do sufixo aumentativo one; trombone é portanto, etimologicamente, grande trompeteSurgiu provavelmente na França quinhentista, a partir de modificações introduzidas no trompete. Sua principal característica são as varas corrediças, cuja função é controlar a emissão e a altura do som.De todos os instrumentos da orquestra o trombone foi o primeiro a adquirir a forma que tem hoje.O corpo principal; do instrumento é formado por dois tubos paralelos, presos um ao outro. Numa extremidade está o bocal e na outra o pavilhão.Atualmente, é construído em 3 tamanhos: tenor, contralto e baixo. O primeiro é o mais utilizado em orquestras sinfônicasIndispensável à orquestra, na qual foi introduzido por Beethoven, foi tratado como solista por muitos outros compositores também.

História da tuba


Instrumento musical de sopro da família dos metais.Dotado de bocal e de três a cinco pistões, possui todos os graus cromáticos. Existem tubas de vários tipos: tenor, barítono, êufona, baixo e contrabaixo. Desde o seu aparecimento, na primeira metade do séc. XIX, logo foi incorporado nas orquestras sinfônicas. A tuba é originária do “ophicleide”, uma espécie de tubo com chaves utilizada por volta de 1800, ganhou popularidade nas pequenas bandas de metais da Grã-Bretanha, onde um antecessor do atual Sousafone, chamado Helicon, era usado devido a facilidade de transportá-la.Mais tarde, Richard Wagner utilizaria uma variante deste instrumento baseada no Corne InglêsEm 1860, John Philip de Sousa tentou criar um novo tipo de tuba baseado no Helicon, dando origem ao atualmente chamado Sousafone.Durente essas "evoluções", os alemães Johann Moritz e Wilhelm Wieprecht construiram o modelo de tuba que seria o percursor do modelo mais utilizado hoje em dia. A partir daí, o design e conceito geral da Tuba permaneceram inalteráveis, mas diversas variantes foram sendo introduzidas.Atualmente, existem em diferentes formas e combinações e a variedade aumenta drasticamente se incluirmos nesta categorização os Bombardinos (que também são chamados de Tuba Tenor). Assim, encontramos Tubas em diferentes afinações (Sib, Do, Mib, e Sol), campânulas (desde 36 a 77 centímetros de diâmetro) etc... e a variedade é ainda maior se adicionarmos as várias cambiantes dos Sousafones (como por exemplo o raríssimo Sousafone com 2 campânulas). Nas bandas filarmônicas, cabe às Tubas o fundamental papel de suporte harmônico, uma vez que compõe o naipe de instrumentos que atua no registo grave.
História do trompete

O mais agudo entre os metais, o trompete se originou, provavelmente, no Egito Antigo, no II milênio antes de Cristo, tendo adquirido importância como instrumento musical a partir do século XVII, ao ser introduzido na orquestra. Sua forma atual data da primeira metade do século XIX, quando os fabricantes alemães Blühmel e Stölzel criaram o sistema de 3 pistões, que tornou o instrumento mais versátil, aumentando seu registro e tornando sua execução menos difícil. Pode ser afinado em ré ou, mais comumente, em si bemol ou dó. Consiste num tubo cilíndrico recurvado sobre si mesmo, em cujas extremidades ficam o pavilhão e o bocal. A qualidade do som pode ser modificada com a surdina, peça de madeira introduzida no pavilhão. Alcança 2 oitavas e meia, começando do fá abaixo do dó médio. Tem sonoridade brilhante e penetrante. É muito usado pelos compositores em uníssono com as cordas e as madeiras da orquestra, como também em solos.

História do fagote

A origem do Fagote perde-se no tempo, é difícil determinar com exactidão o seu aparecimento.A referência mais antiga aparece em documentos do século XVI (1546) descrevendo um instrumento constituído por, uma palheta dupla (semelhante à Charamela), um tudel curvo em forma de “S” e com o tubo feito numa só peça de madeira, dobrado sobre si próprio, conhecido como Baixão ou “Dulcian”. De uma vasta família de baixões então criada no séc. XVII, existiu um que depressa se destacou, o “Choristfagott” pela sua utilidade em suportar o baixo na música coral, é considerado como o verdadeiro antepassado do actual fagote-tipo.
É em França durante os finais do século XVII que o Fagote adquire a sua aparência próxima da actual, deixando de ser construído numa só peça de madeira, para peças em separado. Também é acrescentada à sua nomenclatura o termo “Basson”, relacionado com “bas (baixo) – son (som)”. Com esta novidade da divisão do instrumento, pelo construtor francês Denner (1655-1707) começava o progresso deste instrumento de sopro que veio dar origem, já em pleno século XIX , à sua maior revolução, com a adaptação dos sistemas de dedilhações Heckel e Buffet, dando assim origem a duas versões distintas do Fagote Moderno.
O Fagote de sistema Alemão – Sistema Heckell
O Fagote de sistema Francês – Sistema Buffet
O século XIX, traz consigo grandes exigências a nível musical, grandes compositores, grandes orquestras, obras cada vez mais complexas, obrigam a um maior desenvolvimento do músico e dos próprios instrumentos. Neste contexto o Fagote atinge a sua plenitude, estes dois sistemas vieram “Standartizar” o Fagote Moderno, colocando assim um ponto final a uma variedade imensa de sistemas individuais desenhados por diferentes fabricantes, deixando de lado e de vez a consequente confusão técnica.
História da flauta
Transversal: Um dos instrumentos mais antigos, a flauta transversal, utilizada regularmente na moderna orquestra sinfônica, surgiu no século IX, antes de Cristo, provavelmente na Ásia. Introduzida na Europa ocidental através da cultura bizantina, no século XII depois de Cristo, era geralmente associada à música militar.
Somente na segunda metade do século XVII é que passou a integrar a orquestra.
A moderna flauta transversal nasceu das transformações operadas no antigo instrumento pelo alemão Theobald Boehm, por volta de 1840. Feita em metal, geralmente prata, constitui-se de um tubo cilíndrico de 67 cm. de comprimento por 19 mm. de diâmetro. Divide-se em 3 partes: cabeça ou bocal, corpo e pé.Existiram na Antigüidade diversos outros tipos de flauta. No entanto, a única que coexistiu com a flauta transversal foi a flauta doce, soprada pela ponta, muito usada pelos músicos renascentistas e barrocos.
O flautim ou piccolo, versão menor da flauta transversal, cujo tubo tem aproximadamente metade do comprimento da flauta. É o instrumento mais agudo da orquestra, da qual não é, entretanto, um elemento essencial.Há também a flauta baixa, que se usa para sons mais graves.

Doce: Bastante utilizada em orquestras que utilizam os chamados instrumentos originais, com a recuperação da música do passado, em especial do período barroco.

 
 

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Música | A Música na Pré-História e Antigas civilizações


A Música na Pré-História

A música nasceu com a natureza, ao considerarmos que seus elementos formais, som e ritmo, fazem parte do universo e, particularmente da estrutura humana. O homem pré-histórico descobriu os sons que o cercavam no ambiente e aprendeu a distinguir os timbres característicos da canção das ondas se quebrando na praia, da tempestade se aproximando e das vozes dos vários animais selvagens. E encantou-se com se próprio instrumento musical - a voz. Mas a música pré-histórica não se configurou como arte: teria sido uma expansão impulsiva e instintiva do movimento sonoro ou apenas um expressivo meio de comunicação, sempre ligada às palavras, aos ritos e a dança.

Música nas Antigas Civilizações

O mistério continuou a envolver a música da Antigüidade, pela ausência do próprio elemento sonoro, que se desfez no tempo e, ainda, pela inexistência de uma notação musical clara e documentação suficiente. No entanto, sabemos que nas antigas civilizações já havia o cultivo da música como arte em si mesma, embora ligada à religião e à política. Fazendo estudos nos instrumentos encontrados dessa época notou-se o aperfeiçoamento na construção dos instrumentos, com valorização do timbre.

Mesopotâmia

Desde início do terceiro milênio antes de Cristo, no Império Agrícola da Mesopotâmia, situado na região entre os rios Tigre e Eufrates, viviam respectivamente sumérios, assírios e babilônios. Nas ruínas das cidades desses povos, foram descobertos harpas de 3 a 20 cordas dos sumérios e cítaras de origem assíria. Na Assíria e na Babilônia, a música tinha importante significação social e expressiva atuação no culto religioso. Fortaleceu-se tal conclusão, quando C. Saches decifrou um documento musical de Assur, escrito por volta de 800 a.C., em símbolos cuneiformes: era um acompanhamento de harpa, onde se revela uma forma de escrita a duas e três vozes, com base num sistema pentatônico. O legado da cultura mesopotâmica passou aos Persas. Segundo o testemunho de Heródoto, o célebre historiador grego, eles chegaram a abolir a música do culto, sem deixarem de apreciar, no entanto, os conjuntos vocais e instrumentais, como é possível constatar nos documentos iconográficos.

Egito

A arte egípcia, com características muito próprias, revela inspiração e finalidade religiosa. A música no Egito era praticada em todos os momentos da vida social. O povo tinha seus cantos tradicionais, religiosos - principalmente através de transes místicos para a cura de doenças do corpo físico, do mental, do emocional e do espiritual -, profanos, guerreiros e de trabalho. Os instrumentos de corda, harpa e cítara eram artisticamente elaborados. Os egípcios tinham flautas simples e duplas e instrumento típicos de percussão, como crótalo e sistros e principalmente os tambores. No século II a.C., na Alexandria, Ctesíbio inventou o órgão hidráulico, que funcionava, em parte, mergulhado na água. A escala egípcia era diatônica, com tons e semitons, conforme se pode deduzir pelas flautas encontradas. A harpa, como instrumento nacional, foi elaborada nas mais luxuosas e elegantes formas. A arte egípcia, através de seus instrumento musicais e papiros com diversas anotações, atingiu outras civilizações antigas, como a Cretense, a Grega e a Romana.

Grécia

Encontramos a gênese da arte grega na civilização- cretense, cujos vestígios se revelaram em ruínas de cidades como Tirinto, Micenas e Cnossos. Ela é a glorificação da natureza e da vida, expressando um anseio constante pela perfeição, ritmos e harmonia, o apreço pelos valores espirituais e o culto da beleza ideal. A música, a poesia e a dança, unidas por um elemento comum - o ritmo- , eram praticados de modo integrado. Os poemas eram recitados ao som de acompanhamento musical. A música grega se baseava em oito escalas diatônicas descendentes- os modos gregos -, cada um com um significado ético e psicológico. Os instrumentos nacionais eram a cítara e a lira. O instrumento de sopro mais usado era o aulos, de sonoridade sensual, muito usada nas festas dedicadas ao Deus Dionísio, mais tarde chamado de Baco, pelos romanos. A teoria musical grega se fundamentava na ética e na matemática. Pitágoras estabeleceu proporções numéricas para cada intervalo musical. A notação musical era alfabética, mas insuficiente: usavam letras em diversas posições para representar os sons. Os gregos relacionavam intimamente música, psicologia, moral e educação. No âmbito da ética musical, dentre as posturas mais interessantes, destacam-se:

- a de Pratinas, rígida e conservadora, extremamente reacionária, condenava o instrumentalismo.

- a de Pídaro, mais positiva, expressa uma sincera crença no poder da influência musical no decorrer do processo educativo.

- A de Platão, representante máximo da filosofia musical grega, apoiava-se na afirmação da essência psicológica da música. Segundo esse filósofo, a música poderia exercer sobre o homem poder maléfico ou benéfico, por imitar a harmonia das esferas celestes, da alma e das ações. Daí, a necessidade de se colocar a música sob a administração e a vigilância do Estado, sempre a serviço da edificação espiritual humana, voltada para o bem da polis, almejada como cidade justa.

- A de Aristóteles, que destaca o papel da poesia, da música e do teatro na purgação das paixões (cartase). Finalizando, para ressaltar a importância da música na Grécia, basta citar um trecho da A República, de Platão, que comenta estes versos de Homero, na Odisséia: os homens apreciam mais os cânticos mais novos. O referido trecho, traduzido, é o seguinte: "... pois é de temer que a adoção de um novo gênero musical ponha tudo em perigo. Nunca, com efeito, se a assesta um golpe contra as formas da música, sem abalar as maiores leis da cidade, como afirma Damon, e eu creio de bom grado." (PLATÃO. A República, 424b-2, p.203.).

Roma

No período helenístico, a música grega desviara-se para a busca e o culto da virtuosidade, o que representou uma decadência do espírito nacional que a orientara na época áurea. Eram interessantes os diversos instrumentos de sopro utilizados nos exércitos, com variadas finalidades. A mais curiosa figura conhecida na arte musical romana, antes da era cristã, foi o Imperador Nero, compositor e poeta, que se acompanhava à lira, tendo até instituído a ''claque'', cujos aplausos interesseiros estimulavam sua inspiração e acalentavam sua vaidade.
 

A Música na Antiguidade - Primórdios


A palavra música deriva de "arte das musas" em uma referência à mitologia grega, marca fundamental da cultura da antigüidade ocidental.

No entanto muitos estudiosos procuram as origens da música nos períodos anteriores da história do homem, ou seja, na pré-história. A maioria acredita que é muito difícil conceber como os "homens das cavernas" entendiam a música, pois não deixaram vestígios arqueológicos a respeito do entendimento dos sons, fato que permite muita especulação a respeito.

No entanto, a possibilidade de imaginar a música em sociedades Pré-históricas é mais plausível do que se imagina, pois, utilizando os conceitos predominantes na sociologia, encontramos ainda hoje sociedades que vivem na pré-história, em um nível de organização social que não atingiu o estágio de civilização. O exemplo mais fácil para nossa percepção são os indígenas brasileiros, que, na maioria dos casos, vivem ainda no período neolítico, com o desenvolvimento de uma agricultura rudimentar e organização social tribal.

Dessa maneira podemos perceber que o homem na pré-história produzia uma música com caráter religioso, mágico, quer dizer, ritualístico, batendo as mãos e os pés, com um ritmo definido, agradecendo aos deuses ou buscando sua proteção para a caçada ou guerra. No mesmo período os homens passaram a bater na madeira, produzindo um som ritmado, surgindo assim o primeiro instrumento de percussão.


Os Primeiros Elementos

A noção que hoje se tem da música como "uma organização temporal de sons e silêncios" não é nova. Civilizações muito antigas já se aproximaram dela, descobrindo os elementos musicais e ordenando-os de maneira sistematizada. Os historiadores têm encontrado inscrições as quais indicam que um caráter nitidamente ritualístico impregnava a maior parte da criação musical da Antiguidade.

Por muito tempo as formas instrumentais permaneceram subdesenvolvidas. Predominava a música vocal. Essa forma, adicionando à música o reforço das palavras, era mais comunicativa e as pessoas assimilavam-na melhor. Assim se explica o grande desenvolvimento que atingiu entre os antigos.

Os povos de origem semita cultivavam a expressão musical, tornando-a bastante elaborada. Os que habitavam a Arábia, principalmente, distinguiram-se pela criatividade. Possuíam uma ampla variedade de instrumentos e dominavam diferentes escalas. Segundo parece, tocavam, sobretudo, para dançar, pois foi entre eles que surgiu a "Suíte de Danças", um gênero que sobrevive ainda hoje.

A Bíblia mostra que também os judeus tinham a música como hábito. Davi fala sobre ela nos "Salmos", e diversas outras passagens bíblicas contêm menções a respeito.

Na China, o peculiar era a própria música, devido à sua monumentalidade. Os chineses utilizavam nada menos que 84 escalas (o sistema tradicional da música ocidental dispunha de apenas 24). A variedade da sua instrumentação era imensa. E já por volta do ano 2255 a.C. o domínio sobre a expressão musical atingia tal perfeição entre eles, que sua influência se estendia por todo o Oriente, moldando a música do Japão, da Birmânia, da Tailândia e de Java.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

 

 

 

Flauta

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Flauta
Flautas de diversas partes do mundo
Flautas de diversas partes do mundo


* Instrumento de sopro
A flauta é instrumento musical de sopro da família das madeiras formado por um tubo oco com orifícios. É um aerofone que, a partir do fluxo de ar dirigido a uma aresta que vibra com a passagem do ar, emite som.[1] Bastante antigo, a execução de tal instrumento consiste no ato de soprar o interior do tubo ao mesmo tempo em que se tapam e/ou destapam os orifícios com os dedos.[1] De acordo com o sistema de classificação de instrumentos de Hornbostel-Sachs a flauta é classificada como um instrumentos de sopro. A pessoa que toca flauta é chamada de flautista.
Além da voz, as flautas são conhecidas por serem os primeiros instrumentos musicais. Existem flautas conhecidas datadas de 40.000 a 35.000 anos atrás, que foram encontradas na região dos Alpes Suábios (Alemanha). Essas flautas demonstram uma tradição musical que se desenvolvia desde os primórdios da presença humana moderna na Europa.[2]
Aristóteles fez a seguinte declaração sobre o instrumento: "Nós escutamos uma canção na flauta com mais prazer do que na lira, pois o canto da voz humana e a flauta se misturam bem por causa da suas correspondência e simpatia, um e o outro se animam pelo vento!"[3]
"O pastor flautista" - quadro de Sophie Gengembre Anderson (1881).

História

Um exemplo de flauta antiga
"Uma noite de lua pálida e gerânios ele viria com boca e mão incríveis tocar flauta no jardim."
Adélia Prado, Trecho de "A Serenata"
A Flauta transversal moderna é constituída por Três partes, a Cabeça, o Corpo e o Pé.
As primeiras flautas assemelhavam-se a apitos, pois só tinham um orifício (buraco) e eram feitas da tíbia de animais e de humanos. Com o passar do tempo a flauta foi evoluindo-se e deu origem a outros instrumentos de sopro, como o oboé, o fagote, a flauta doce e a flauta transversal.[4]
Como todo instrumento musical primitivo, a flauta teve um papel mágico. Ela era usada para acompanhar os rituais religiosos. Algumas culturas proibiram o uso das flautas pelas crianças e as mulheres sob pena de morte. Ainda hoje temos exemplo disso, como no Xingu brasileiro.
O alemão Theobald Boehm, em 1832, inventou o sistema moderno da flauta transversal, com a introdução de chaves no instrumento (que também é usada em vários instrumentos de sopro, como o saxofone, por exemplo).[5]
O instrumento mais antigo já encontrado. Trata-se de uma flauta feita com osso de um jovem urso-das-cavernas.

Mais Antigo Instrumento Encontrado

Nas pinturas presentes nas cavernas é possível se obsrvar reproduções de flautas ou de apitos, o que comprova a presença deste instrumento desde 60.000 a.C. O mais antigo instrumento já encontrado é uma espécie de flauta, feita através de um fragmento do fêmur de um jovem urso-das-cavernas, com dois a quatro furos, encontrado em Divje Babe na Eslovênia e teria cerca de 43 mil anos. A autenticidade desse fato, porém, é muitas vezes contestada.[6][7] Em 2008, outra flauta fabricada há pelo menos 35 mil anos foi descoberta na caverna Hohle Fels, perto de Ulm, Alemanha.[8] A flauta de cinco furos tem um bocal em forma de V e é feita a partir de um osso de asa de abutre. Os pesquisadores envolvidos na descoberta publicaram oficialmente suas descobertas na revista Nature, em agosto de 2009.[9] A descoberta é também a mais antiga já confirmada referente a qualquer instrumento musical na história.[8] A flauta, uma das várias encontradas, foi descoberta na caverna Hohle Fels ao lado do Vênus de Hohle Fels e a uma pequena distância da mais antiga escultura humana conhecida.[10] Ao anunciar a descoberta, os cientistas sugeriram que as "descobertas demonstram a presença de uma tradição musical bem estabelecida na época em que os seres humanos modernos colonizaram a Europa".[11] Os cientistas também sugeriram que a descoberta da flauta pode ajudar a explicar "o comportamento provável e o abismo cognitivo entre" o homem-de-neandertal e os primeiros homens modernos.[8]

Som

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Exemplo do som de uma flauta. "London, British Museum, add.29987, Chominciamento de Gioia, XIIIs"
A flauta possui um som melodioso, de timbre suave e doce.[12] Seu som depende essencialmente, por um lado, da natureza e da direção da onda de ar e, por outro, do comprimento da coluna de ar. O som fundamental da flauta é o DÓ3, a partir do qual a extensão do instrumento é de 3 oitavas, graças aos harmónicos 2 e 4 (oitava e dupla oitava), cuja emissão é obtida pela modificação da pressão do sopro.[13]

Tipos de Flautas

Vários tipos de flauta doce.
Diagrama de uma flauta transversal.
Um exemplo de flautim.
Ney.
Flauta Pã.
Ocarinas.
  • Flauta doce ou flauta de bisel - Flauta vertical, de madeira e bisel, acionada diretamente pelos lábios do executante. Foi o instrumento musical mais popular na idade média. São afinadas em DÓ e em FÁ, e produzem um som melodioso e extremamente confortante. Existem vários tipos de flauta doce, a saber:[14]
soprano - A mais conhecida. Emite sons agudos
sopranino - sons agudíssimos;
alto ou contralto - sons agudos e médios;
tenor - sons médios e graves;
baixo - sons graves e gravíssimos;
contra-baixo - sons gravíssimos.
Um Bansuri
  • Bansuri (India)
  • Cangoeira - Flauta indígena (brasileira) feita de ossos de guerreiros mortos.
  • Diaulo - Flauta dupla, usada entre os gregos
  • Flauta Mizmar - Som agudo que se assemelha a um “mosquito”. Muito usada na música folclórica árabe.[19]

Música Moderna

Alguns instrumentos típicos do choro brasileiro. A flauta é um deles.
"Quando eu morrer, não quero flores, nem coroa de espinho, quero ouvir o choro de uma flauta, violão e cavaquinho.
A flauta é conhecida por fazer parte de orquestras sinfônicas. É muito usada também em músicas árabes, como o taksim e a música folclórica árabe.[19] As Flauta de pã ainda são bastante usadas em músicas andinas. Porém, na música moderna, ela tem sido usada em inúmeros ritmos musicais, como rock, rock progressivo, jazz e flamenco. Em ritmos tipicamente brasileiros, por sua suavidade de movimentos sonoros, a flauta combina muito bem com o choro e com MPB.[20]

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Piano




Piano






  O piano é amplamente utilizado na música ocidental, no jazz, para a performance solo e para acompanhamento. Embora não seja portátil, o piano é um instrumento versátil, uma das características que o tornou um dos instrumentos musicais mais conhecidos pelo mundo. É um ótimo instrumento para melhorar a coordenação motora e para fazer acompanhamentos com quase todos os tipos de instrumentos, sendo possível tocar vários gêneros musicais e ritmos.
       Na Timbres, as aulas de piano podem ser iniciadas tanto no teclado, quanto no próprio piano. O aluno irá conhecer as notas, processo de leitura, exercícios de coordenação motora (mão direita e esquerda), músicas mais simples e a formação de acordes. As aulas são divertidas e descontraídas e o aluno pode trazer suas músicas prediletas para aprender a tocá-las durante as aulas. Mas o professor sempre irá trazer novidades como novos exercícios, técnicas e novos estilos musicais para serem aprendidos.   

Piano

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Piano
Steinway Vienna 011.JPG
Classificação
Hornbostel-Sachs
Extensão
Range of piano.svg
Instrumentos relacionados Clavicórdio
Cravo
Espineta
Órgão eletrônico
Pianola
Saltério
Virginal
O piano[1] (apócope derivado do italiano pianoforte) é um instrumento musical de cordas, pelo sistema de classificação de Hornbostel-Sachs.[2]
O som é produzido por peças feitas em madeira e cobertas por um material (geralmente feltro) macio e designados martelos, e sendo ativados através de um teclado, tocam nas cordas esticadas e presas numa estrutura rígida de madeira ou metal. As cordas vibram e produzem o som. Como instrumento de cordas percutidas por mecanismo ativado por um teclado, o piano é semelhante ao clavicórdio e ao cravo. Os três instrumentos diferem no entanto no mecanismo de produção de som. Num cravo as cordas são beliscadas. Num clavicórdio as cordas são batidas por martelos que permanecem em contacto com a corda. No piano o martelo afasta-se da corda imediatamente após tocá-la deixando-a vibrar livremente.[3]
Teve a sua primeira referência publicada em 1711, no "Giornale dei Litterati d'Italia" por motivo da sua apresentação em Florença pelo seu inventor Bartolomeo Cristofori. A partir desse momento sucede-se uma série de aperfeiçoamentos até chegar ao piano atual. A essência da nova invenção, residia na possibilidade de dar diferentes intensidade aos sons e por isso recebeu o nome de "piano-forte" (que vai do pianíssimo ao fortíssimo) e mais tarde, reduzido apenas para piano. Tais possibilidades de matrizes sonoras acabaram por orientar a preferência dos compositores face ao clavicêmbalo.[4]
Os pianos modernos, embora não se diferenciem dos mais antigos no que se refere aos tons, trazem novos formatos estéticos e de materiais que compõem o instrumento. Um piano comum tem, geralmente, oito lás, oito sis bemóis, oito sis, oito dós, sete dós sustenidos, sete rés, sete mis bemóis, sete mis, sete fás, sete fás sustenidos, sete sóis e sete sóis sustenidos, formando um total de 88 notas musicais[5]. Se for um de 97 notas musicais, do tipo Bösendorfer 290, ele terá nove dós, oito dós sustenidos, oito rés, oito mis bemóis, oito mis, oito fás, oito fás sustenidos, oito sóis, oito sóis sustenidos, oito lás, oito sis bemóis e oito sis.
O piano é amplamente utilizado na música ocidental, no jazz, para a performance solo e para acompanhamento. É também muito popular como um auxílio para compor. Embora não seja portátil e tenha um alto preço, o piano é um instrumento versátil, uma das características que o tornou um dos instrumentos musicais mais conhecidos pelo mundo.[6]

Tipos de piano

Existem duas versões do piano moderno: o piano de cauda e o piano vertical (piano armário).
Piano de cauda
Piano vertical
O piano de cauda tem a armação e as cordas colocadas horizontalmente. Necessita por isso de um grande espaço pois é bastante volumoso. É adequado para salas de concerto com tetos altos e boa acústica. Existem diversos modelos e tamanhos, entre 1,8 e 3 m de comprimento e 620 kg. Pianos excecionais : todos os fabricantes fazem piano pianos excecionais (artcase), alguns são apenas decorações ou mudanças dramáticas nos atuais (pés trabalhados, pintura, capa) são outras alterações radicais como o Pegasus] por Schimmel ou o M. Liminal projetado por NYT Line e composto por Fazioli.[6]
O piano de armário tem a armação e as cordas colocadas verticalmente. A armação pode ser feita em metal ou madeira. Os martelos não beneficiam da força da gravidade.[6]
Pode considerar-se um outro tipo de piano: o piano automático ou pianola. Trata-se de um piano com um dispositivo mecânico que permite premir as teclas numa seqüência marcada num rolo.
Alguns compositores contemporâneos, como John Cage, Toni Frade e Hermeto Pascoal, inovaram no som do piano ao colocarem objetos no interior da caixa de ressonância ou ao modificarem o mecanismo. A um piano assim alterado chama-se piano preparado.
A Família Real portuguesa incentivou o uso do pianoforte no Brasil.

Mecanismos

Teclado

Teclas do piano
Praticamente todos os pianos modernos têm 88 teclas (sete oitavas mais uma terça menor, desde o lá0 (27,5 Hz) ao dó8 (4.186 Hz)). Muitos pianos mais antigos têm 85 teclas (exatamente sete oitavas, desde o lá0 (27,5 Hz) ao lá7 (3.520 Hz)). Também existem pianos com oito oitavas, da marca austríaca Bösendorfer. As teclas das notas naturais (, , mi, , sol, e si) são brancas, e as teclas dos acidentes (dó ♯, ré ♯, fá ♯, sol ♯ e lá ♯ na ordem dos sustenidos e as correspondentes ré ♭, mi ♭, sol ♭, lá ♭ e si ♭ na ordem dos bemóis) são da cor preta. Todas são feitas em madeira, sendo as pretas revestidas geralmente por ébano e as brancas de marfim, já em desuso e proíbido no mundo, ou de material plástico.

Pedais

Os pianos têm geralmente dois ou três pedais, sendo sempre o da direita o que permite que as cordas vibrem livremente, dando uma sensação de prolongamento do som. Permite executar uma técnica designada legato, como se o som das notas sucessivas fosse um contínuo. Compositores como Frédéric Chopin usaram nas suas peças este pedal com bastante frequência.
O pedal esquerdo é o chamado una corda. Despoleta nos pianos de cauda um mecanismo que desvia muito ligeiramente a posição dos martelos. Isto faz com que uma nota que habitualmente é executada quando o martelo atinge em simultâneo três cordas soe mais suavemente pois o martelo atinge somente duas. O nome una corda parece assim errado, mas nos primeiros pianos, mesmo do inventor Cristofori, o desvio permitia que apenas uma corda fosse percutida. Nos pianos verticais o pedal esquerdo consegue obter um efeito semelhante ao deslocar os martelos para uma posição de descanso mais próxima das cordas.
O pedal central, chamado de sostenuto possibilita fazer vibrar livremente apenas a(s) nota(s) cujas teclas estão acionadas no momento do acionamento dos pedais. As notas atacadas posteriormente não soarão livremente, interrompendo-se assim que o pianista soltar as teclas. Isso possibilita sustentar algumas notas enquanto as mãos do pianista se encontram livres para tocar outras notas, o que é muito útil ao realizar, por exemplo, passagens em baixo contínuo. O pedal sostenuto foi o último a ser incrementado ao piano. Atualmente, quase todos os pianos de cauda possuem esse tipo de pedal, enquanto entre pianos verticais ainda há muitos que não o apresentam. Muitas peças do século XX requerem o uso desse pedal. Um exemplo é "Catalogue d'Oiseaux", de Olivier Messiaen.
Em muitos pianos verticais, nos quais o pedal central de sostenuto foi abolido, há no lugar do pedal central um mecanismo de surdina, que serve apenas para abafar o som do instrumento.

SP

Recentemente os chamados pianos elétricos passaram por uma grande evolução. São chamados de SP (Stage Piano ou piano de palco). Têm exatamente o mesmo número de teclas do piano acústico e aproximam-se cada vez mais do seu som, onde nos mais atuais, possuem ate timbres de gravações de alta fidelidade dos mais famosos pianos acústicos do mundo, entre eles o Steinway, Yamaha, Bosendorfer, etc. Muitos possuem ainda sons de outros instrumentos musicais, como no caso dos teclados eletrônicos. O 'som' do piano elétrico é na verdade uma gravação do 'som autêntico' de um piano acústico, com amostras sonoras chamadas de "samples". Suas teclas são 'sensitivas', pois simulam a intensidade sonora do piano convencional. Muitas vezes, nesse grupo do conjunto timbres, teclas e funções, não deixam nada a desejar em relação a algumas marcas de pianos acústicos. Hoje a popularização desses SP é muito grande no mundo face aos preços mais acessíveis e grande poder de transporte.

A afinação de um piano

«Os afinadores de piano não afinam; desafinam-no (temperam-no) de uma maneira controlada»
Os martelos e as cordas do piano
Não é possível num instrumento com teclado ou com trastos obter quintas, terças e oitavas todas «justas» no sentido físico do termo, ou seja, perfeitamente consonantes. Em outras palavras, se forem afinadas todas as quintas sem batimento, haverá batimentos para a oitava. E as terças não serão justas. Para chegar a oitavas perfeitas o afinador tem que encurtar uma ou mais quintas. O temperamento de uma escala é exatamente o ajuste dos intervalos entre as notas, afastando-os do seu valor natural «harmônico», para fazer com que os intervalos caibam numa oitava.
No sistema de temperamento igual, que (geralmente) é o adotado atualmente no ocidente, os intervalos de quinta, terça e quarta não são perfeitamente consonantes. Mas o seu batimento é bem suportável e o ouvido contemporâneo já se habituou a ele. Só as oitavas são perfeitas. As quartas aumentadas (ou quintas diminutas) ainda que não sejam consonantes, também tem seu valor harmônico exato.
Hoje em dia, depois de afinarem bem cada quinta, os afinadores encurtam-na ligeiramente temperando-a até que se ouça uma flutuação distinta de volume que tem um som «ondulante» - o que se chama um batimento. Na oitava central do piano, as quartas e quintas devem soar com aproximadamente um batimento (uma ondulação) por cada dois segundos, enquanto as terceiras maiores e as terceiras menores devem criar aproximadamente três batimentos por segundo.
Exceto as oitavas, nenhum outro intervalo fica a soar «puro» acusticamente, embora a impureza seja suficientemente fraca para ser tolerável pelo ouvido. Mas só assim é possível conseguir que uma mesma melodia tocada em várias tonalidades soe do mesmo modo.
Além disso, os bons afinadores de piano aumentam as oitavas nos graves e nos agudos, para terem em conta as características da perceção auditiva humana. O que acontece é que o material com que são feitas as cordas provoca a existência de harmônicos ligeiramente mais elevados do que os que correspondem a razões de inteiros, o que faz com que uma oitava só soe bem se for ligeiramente aumentada («stretched octave»). Tipicamente, as oitavas mais graves acabam por ficar cerca de 35 cents mais curtas e as mais agudas 35 cents mais longas do que a oitava central. O efeito é menor num piano de cauda, por ter cordas mais longas.
E não se deve de fato usar um temperamento igual nos agudos. Porque, com um temperamento igual, se executarmos passagens menos rápidas nas regiões agudas, usando terças, já surgem cerca de 40 batimentos por segundo o que cria uma espécie de linha de baixo fundamental abominável, muito perto do verdadeiro baixo, que soa como se estivesse a ser tocada num instrumento desafinado.
É de referir que um piano normalmente fica, pelo menos, ligeiramente desafinado quando é transportado ou quando é sujeito a fortes correntes de ar.

Algumas curiosidade

Resumo do mestre Newton Freitas (com acréscimos): Um afinador de pianos é em parte cientista, em parte artista e em parte psicólogo. Um cientista, pois deve conhecer os fundamentos físicos da harmonia e da dinâmica de propagação das ondas. Um artista, pois deve ter o toque seguro de um excelente músico ao utilizar seus instrumentos. Um psicólogo, pois deve conhecer e deve saber definir as necessidades de seus clientes.
Mas essas são características desejáveis, pois a característica indispensável ao afinador é ter um bom ouvido: é ter a capacidade de discernir as variações mínimas dos sons produzidos em toda a extensão do teclado, desde as notas graves (a partir de 30 ciclos por segundo) até o ponto culminante das notas agudas (mais de 4.000 ciclos). Até os 25 anos de idade, a pessoa pode aprender as infinitas sutilezas dos sons.
Destinada a “colocar o piano no tom”, a afinação é um processo com o objetivo de colocar todos os elementos do piano num ponto de equilíbrio (em primeiro lugar, o tom correto; depois, a voz agradável, responsável pela sonoridade própria, variável de acordo com o lugar); é um processo extremamente complexo, pois um piano, um instrumento nada prático, tem mais de duzentas cordas e cada uma delas deve estar afinada num determinado tom.
Cada tom, por sua vez, deve relacionar-se com os tons das outras cordas, de forma a produzir, em toda a extensão do teclado, uma série de tons com intervalos regulares, desde a extremidade grave até a extremidade aguda.
Quando um afinador ajusta as notas de um piano, ele altera, com muita precisão, a tensão de cada corda girando a cravelha à qual ela se prende em uma de suas extremidades, até alcançar o tom desejado, mais agudo ou mais grave. A mão esquerda pressiona as teclas enquanto a mão direita gira as chaves de afinação.
Com um bom ouvido e mão certeira, um bom afinador não leva mais de uma hora ou hora e meia para deixar o piano afinado. Um bom afinador não é chamado de volta pelo cliente pouco depois, observa Luc, restaurador e comerciante de pianos usados em Paris (Luc só vende pianos a comprador recomendado por cliente. Tem por norma convidar o comprador para experimentar, tocar e examinar os instrumentos; depois, deixa-o decidir por si mesmo).
Os pianos com cravelhames (suporte das cravelhas) totalmente de metal mantêm a afinação por muito mais tempo (as cravelhas, inseridas nos cravelhames, retesam as cordas).
Um piano novo precisa de um período de maturação durante o qual ele não apenas se aclimata ao ambiente, como se adapta ao estilo e à freqüência de uso. As correntes de ar não fazem bem algum, mas a exposição direta ao calor é a morte, ensina Luc.
Um piano bem tocado, com freqüência, quase sempre atinge um equilíbrio perfeito e sua sonoridade ótima em poucos anos. Se for bem cuidado, continuará a responder adequadamente durante muitas décadas, até mesmo por várias gerações. Mas os pianos, de um modo geral, começam a deteriorar lentamente depois de um período inicial de amadurecimento. Há pianos vivos, para serem tocados, e há pianos para museus.
Em razão desse processo de vida, um concertista quer sempre tocar num instrumento no apogeu de sua transitória existência, devidamente sazonado e amaciado, além de mecanicamente perfeito. Essas condições só se mantêm durante uns poucos anos, na melhor das hipóteses. Na maioria das salas de concerto, os pianos são alugados. O piano alugado pode sempre ser substituído por outro em melhores condições.
O piano deve sempre ser tocado. É melhor ser mal tocado a não ser tocado. O piano assemelha-se bastante a um organismo vivo com necessidade de estímulos para o todo funcionar harmonicamente.
Quando é tocado, todas as suas partes estão sujeitas a vibrações e, ao longo do tempo, o efeito dessas vibrações no conjunto das partes é mais ou menos uniforme: as cravelhas apóiam-se de certa forma no bloco de cravelhas; os martelos respondem às teclas de maneira regular; o tampo harmônico se flexiona e vibra dentro dos limites esperados.
Se não for tocado, nenhuma das partes se move e o único fator atuando sobre o todo é o processo longo e lento de deterioração, agravado com as mudanças de temperatura e umidade, além da pressão constante das cordas retesadas.
Luc reconhece num piano usado: se o piano foi muito tocado ou não; se o ambiente onde esteve tinha o nível correto de umidade (uma regra de ouro); se havia criança na casa; e até mesmo se foi transportado em navio recentemente (a pior coisa possível de ocorrer com um piano).
Quando um piano é transportado para um ambiente diferente, ele sofre o choque da mudança. A mudança influi na madeira, a qual absorve quantidades diferentes de umidade, e nos pinos de afinação, os quais saem do lugar. O piano exige um certo tempo para aclimatar-se a um novo ambiente. O processo de aclimatação leva provavelmente alguns meses, até as várias peças de madeira e os encaixe começarem a respirar com um todo. Nessa fase, o piano requer uma série de afinações sucessivas para chegar ao tom desejado; é de se esperar o piano perder a afinação em pouco tempo.
Cada piano tem características absolutamente individuais, mesmo quando comparado a outros da mesma marca e da mesma idade, diz Luc.
Os pianos modernos têm 88 teclas: as “naturais” (brancas) e as “acidentais” (pretas). Pressionando-se uma tecla, uma nota é tocada e produz um som puro com um ponto de referência fixo expresso em vibrações por segundo, o mesmo para todos os pianos. A tecla faz mover o martelo e o martelo golpeia uma corda ou geralmente mais de uma corda: são 88 teclas para mais de 200 cordas, todas esticadas entre dois pontos, com bastante tensão. As vibrações da corda produzem um som correspondente a uma nota específica. Quanto maior a tensão, melhor. A tensão afeta diretamente tanto o volume quanto a qualidade da nota.
Muitos pianistas, principalmente os concertistas, preferem o teclado de marfim, porque, segundo eles, absorve o suor dos dedos e é mais suave ao toque em relação aos seus substitutos à base de polímetros. Com o tempo, o marfim das teclas fica amarelado. A utilização do marfim nos teclados foi proibida na década de 80.
A simples vibração das cordas de um piano produz um som fraco e de pouca ressonância. O tampo harmônico, uma placa de madeira grande e fina, recebe a vibração das cordas e tanto vibra também como aumenta o som. Quando um piano toca, toda a estrutura de madeira vibra e ressoa de maneira solidária aos sons produzidos pelas cordas.
Bartolomeo Cristofori, fabricante de instrumentos da corte dos Médici, em Florença, é considerado o inventor do piano. Sabe-se da existência de piano desde 1694. A invenção ocorreu em torno do ano de 1700, diz-se por consenso.
Cristofori inventou um meio de fazer uma corda, posta a vibrar, tocar mais alto. Antes, os instrumentos de teclado deixavam a desejar por várias razões: os clavicórdios produziam um som baixo, somente apropriado para ambientes pequenos; os cravos, de maior tamanho, produziam um som mais forte, mas a força com a qual se pressiona a tecla não alterava o volume do som produzido.
O piano trouxe a inovação revolucionária de traduzir o movimento de uma tecla em uma nota de volume variável: uma tecla pressionada com força produz um som forte e claro; pressionada de forma leve produz uma nota suave. O sistema mecânico do piano vem sendo aprimorado, mas, em sua essência, continua o mesmo.
Quando Johann Cristian Bach tocou seu primeiro solo de piano em 1768, na Inglaterra, esse instrumento de teclas já era um triunfo inquestionável. O período barroco cedeu passagem ao clássico e o piano foi o meio perfeito para a nova expressão da música, com a influência de Haydn, Mozart e Beethoven.
A “Hammerklavier” é a mais longa das trinta e duas sonatas de Beethoven para piano. Revelação dos limites extremos da pujança e da expressividade do piano, essa sonata é considerada a de mais difícil execução e sua obra mais visionária. Beethoven, caracterizado pela fúria dispensada aos teclados para sentir as vibrações de sua música, influenciou na manufatura de pianos.
Liszt representa a vanguarda no fenômeno da divulgação do piano. Ele gostava de dar recitais. No início, quando os pianos eram menos resistentes, sem estrutura de ferro, Liszt, ao longo de uma apresentação, poderia destroçar o instrumento utilizado, por força de uma execução não apenas enérgica, mas também obsessiva, avassaladora e arrasadora. Ele costumava ter um ou dois pianos de reserva em seus concertos.
Chopin era o oposto de Liszt em estilo de execução e preferia uma forma mais sutil de tocar. O volume do som não interessava a Chopin, criador de uma técnica revolucionária para revelar sutilezas harmônicas e rítmicas.
O piano de cauda foi imaginado por Cristofori a partir da harpa. O piano de cauda é uma harpa dentro de uma caixa, observou Leigh Hunt.
A diferença de um piano de cauda para um piano de armário é quanto ao plano vertical ou horizontal do tampo harmônico e as cordas em relação ao teclado: no piano de armário, o plano é vertical; no piano de cauda, o plano é horizontal, possibilitando a vantagem de cordas mais longas e sensíveis. Em Paris, devido à área relativamente pequena da maioria dos apartamentos, os pianos de armário são mais procurados e, em conseqüência, são mais valorizados.
O piano oficial da Casa Branca é um “Steinway”, modelo D, de fabricação americana mas de origem alemã, de 1930, com gabinete em mogno natural e três pernas douradas no feitio de águias. Essa marca, de fora da Europa, onde estão os mais renomados pianos do mundo, hoje é uma das mais consagradas com muitas orquestras sinfônicas e teatros no mundo os possuindo, principalmente o "model D concert" fabricado na alemanha. Os pianos da Yamaha japonesa também possuem renomes a altura como o "model C7" também de exaustivo uso nos mais famosos palcos de concerto. Historicamente, Napoleão III deu um belo “Bosendorfer” (austríaco) à sua imperatriz Eugénie. O czar Nicolau ofereceu à sua Alexandra um “Schroeder”. São outras grandes marcas de pianos: a inglesa “Broadwood”, a americana “Chickering”, a alemã “Bechstein”, a austríaca “Stingl”, as francesas “Erard” e “Pleyel”.
A Alemanha, avalia Luc, é o único país ainda a produzir uma grande variedade de pianos e mantém uma tradição de excelência no trabalho artesanal. Basta ver as marcas: Bechstein, Grotrian, Steingraeber, Bluthner, Ibach, Forster, Schimmel, Thurmer, Sauter, Seiler.
Uma das melhores marcas de piano do mundo atualmente é a italiana “Fazioli”. São instrumentos extraordinários, praticamente feitos à mão, com produção limitada, comenta Luc, o qual acrescenta: são os pianos mais caros do mundo; um “Fazioli” de cauda para concertos custa mais de US$ 100 mil. A produção foi iniciada em 1980 sob a condução de Paolo Fazioli, preocupado em dar sonoridade própria aos seus pianos.
Essa sonoridade própria, explica Paolo Fazioli, é viabilizada quando se busca dar equilíbrio a muitos sons, geralmente não ouvidos, de extrema suavidade e de elevada sutileza. A importância desses sons para a sonoridade do piano lembra a capacidade de grandes conhecedores de vinho de apreciar todas as sutilezas de uma grande safra: ninguém precisa saber dessas sutilezas para apreciar um vinho excelente, mas o fabricante do vinho precisa reconhecê-las a fim de aperfeiçoar sua arte.